sábado, 29 de dezembro de 2012

A Flor e o Colibri


A flor e o colibri

Era num jardim. Um imenso campo florido, banhado pelas madeixas de Apolo. Ali, sob o brilho do sol, as flores eram acariciadas pelo toque da brisa que soprava doce. Em meio ao mar multicolorido de flores. Entre os lírios, as violetas e os gira-sois, havia uma florzinha lilás. Acanhada, quase que encoberta por completo, pelo vistoso colorido de suas irmãs.
Ali, todas as manhãs, ao acordar, as flores competiam entre si, pelo beijo das borboletas e dos colibris. Exalavam seu perfume e tornavam-se o quão mais vistosas pudessem. Era um verdadeiro carnaval de cores e cheiros dos mais agradáveis. Mas a florzinha lilás, tão acanhada, e de perfume muito sútil, não atraía para si nem os colibris nem as borboletas. Tampouco do colibri dourado que ela tanto amava.
Passava todo o tempo a suspirar e quando o dia raiava e ele vinha, e a todas as outras flores beijava, a pequenina flor vertia gotas de néctar inutilmente tentando chamar para si, a bela ave que parecia uma flamula do arrebol.
E de suspiros vivia a florzinha.
Passou a primavera… veio o verão… no outono muitas de suas irmãs perderam o colorido, no inverno, muitas já haviam adormecido, murchado. Mas a pequenina de pétalas lilás, permanecia como se estivesse em plena primavera. Mesmo sob os ventos e o frio boreal. Por não ter muito visto, continuava a não chamar atenção das borboletas, mas o colibri dourado. Ah! o seu amado colibri! Ele sim, procurou o doce néctar em seus beijos, mas debalde. A florzinha havia já chorado todo ele.
“- Porque não tens mel nos lábios pequena flor?”
Indagou o colibri. E com voz languida e sofrida a florzinha respondeu-lhe:
“- Todo ele chorei por ti… enquanto beijavas minhas irmãs, eu por ti pranteava. Tentei guardar uma última gota, na leda esperança de que um dia tu me procurasse, mas, vieste tarde demais. Ontem, olhando p’ra lua, sob as nênias frias, verti minha última gota de néctar. A única razão pela qual me mantive firme sob o frio do inverno, foi a ideia de poder eu, um dia sentir teus lábios tocar os meus. Já posso murchar como minhas irmãs. Tu me deste aquilo que tanto desejei, sinto por não poder lhe dar do mel que tanto chorei por ti…”

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