terça-feira, 26 de março de 2013

Obrigado!


Entre luz do Sol, pela janela do meu quarto
Para iluminar, e esquentar minha vida
Depois dessa madrugada escura e fria

Obrigado travesseiro, 
Por ser meu ombro amigo
Desculpa por ter te molhado com minhas lágrimas
Não foi minha intenção

Obrigado cobertor,
Por ter me protegido do frio,
E me encasulado em meu mundo,
Me dando condições para completar minha metarmorfose

domingo, 24 de março de 2013

Os poemas jamais lidos… - Capitulo 1

Os poemas jamais lidos… - Capitulo 1

“Rodolfo… meu bem… está escrevendo aquelas bobagens de novo?” Indagou sua mãe entrando em seu quarto com olhar um tanto preocupado.
“Não são besteiras mãe. É poesia…” Respondeu Rodolfo olhando para a mãe e tornando a baixar a cabeça como que tentando esconder o que escrevia. Sua mãe o olhou balançando a cabeça e se aproximou dele dizendo “ora meu filho, veja como o dia está lindo lá fora. Não quer sair como qualquer pessoa normal faz?”
“Não!... digo… talvez. Não tenho com quem sair mãe…” Respondeu-lhe um tanto incomodado.
Sua mãe o observou por um tempo com olhar amargurado, mexeu em seus cabelos e saiu do quarto dizendo “está bem, e agora não se demore muito aí, o almoço logo sai.”

Rodolfo olhou para trás como que para verificar se a mãe já havia realmente saído – Ele bem sabia que sua mãe, dona Mariana por vezes, costumava ficar silenciosamente na entrada de seu quarto para espiar o que ele fazia. – como teve certeza que ela já havia ido, voltou o olhar para seus escritos, seu olhar melancólico tornou-se sério por um momento depois convertendo-se num olhar terno. “como pode ser bobagem algo que vem do fundo da nossa alma?” refletiu consigo mesmo o garoto.
Na escrivaninha bastante velha onde se debruçava para se dedicar a leitura e seus escritos, havia uma amalgama de papéis, livros e canetas. Uma verdadeira orgia literária em escala diminuta. Na página de seu caderninho revisava os versos que acabara de escrever:

“Eram como mil pirilampos, cintilando no negrume da noite
as estrelas que sorriam da abóboda da eternidade;
sob o perfume de mil flores, lá no jardim dos amores
deitado nas verdes ramas, eu contemplava o céu, a imensidade!”

terça-feira, 19 de março de 2013

Pérolas aos Porcos


"Amo você, mas não quero te ver
Quero deixar de te amar,
Mas ao mesmo tempo quero amar você
Você é uma droga experimentada
Que eu não quero largar

Me faz mal.
Me faz bem? Não sei
Racional cauteloso em deficiência,
Emocional irracional por excelência

Idiota por se preocupar em cuidar
De quem não dá a mínima pra você
Otário em falar com quem tem vergonha
De assumir que sente algo por você

E será que ele sente? Acho que não
Tem vezes que a realidade é chata
Fingir um pouco dela é bom pra alimentar nosso ego"

quarta-feira, 13 de março de 2013


‎"Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! Na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo."

(Álvares de Azevedo)

A Rainha do Gelo


A Rainha do Gelo (ou A Dama Encantada da Turingia) – de os contos fantásticos
-Francisco de Paula-

Prólogo


“Ludmila, Ludmila! Onde você está?” gritava uma menininha muito branca pobremente vestida. Era uma manhã fria na Turingia, no auge do inverno alemão ela morreria caso não procurasse logo abrigo. Estava assustada. Havia se perdido de sua irmã mais velha quando esta pediu que esperasse junto uma velha ponte construída pelos romanos há séculos. As horas passaram e ela não voltou. Então a pequena Anne resolveu sair à procura da irmã, mas em meio a neve não conseguiu achar o caminho de volta.

“está frio... seria tão bom estar em casa junto à lareira brincando com a Francizsca.”
Distraída a menina sequer notou que andava sobre um lago congelado. Não notou também que onde pisava o gelo estava frágil, tão frágil que se quebrou fazendo a pequena cair nas águas gélidas.
“Socorro! Socorro!” gritava ela em vão. Ninguém ouviria ou viria salvá-la. A morte parecia certa quando algo estranho aconteceu. O vento começou a carregar os flocos de neve de uma forma diferente. Parecia dançar em torno do lugar onde Anne havia caído.

Capitulo 1


Turingia, junho de 1699.

Entre as sombras da noite uma fila de luzes seguia floresta adentro. Eram tochas. Vozes rompiam o silêncio. Pareciam inquietas... Furiosas.
“Achem a bruxa! Queimem-na!” esse era o brado da multidão de camponeses que caçavam a bruxa, como lobos sedentos por sangue. Após certo tempo caminhando por entre as trevas da floresta negra, aqueles homens, mulheres, pais, mães, irmãos etc, chegaram a um lago que ficava no meio de uma clareira iluminada pela luz da lua cheia. E la estava ela, a “bruxa” sentada num barquinho no meio do lago.
Todos ficaram estupefatos, catatônicos, silenciosos atrás dos arbustos. Dentro do barco, vestida de branco, não se parecia em nada com o que imaginavam que fosse. Sequer era velha ou feia. Não, feia não era mesmo. Sua longa cabeleira negra contrastava com a pele tão alva quanto a lua naquela noite de verão. Silueta esguia e jovial. Cantava numa lingua há muito esquecida por aquele povo. A voz era doce qual as falas dos anjos. Os gestos graciosos como as flores que trazia nos cabelos. Parecia mais uma fada!
“tem certeza que essa é mesmo a bruxa?” indagou Albert ao pai que era quem liderava aqueles ‘caçadores de bruxas’.
“ora Albert, quem mais estaria sozinha a essa hora no meio da floresta negra? Veja como ela canta para o demônio. Maldita!”
Passados alguns instantes ele gritou “adiante! Vamos dar a essa filha de Satã o que ela merece!”
E todos se lançaram para capturar a jovem feiticeira. Esta percebendo que estava cercada não tentou fugir.
“viemos por fim as suas maldades... não vais mais levar nenhuma das nossas crianças.” Falou Ludwig, pai de Albert.
Ela pareceu confusa por um instante. Seus olhos azuis buscavam uma resposta para aquilo. Mirou nas tochas acesas que todos empunhavam depois nos semblantes que a encaravam.
“pensam que acaso seja eu uma bruxa?!” indagou ela continuando. “crianças?! Não sei do que vocês falam. Vivo sozinha na floresta...” Ela pareceu querer falar algo mais, porém hesitou. Parecia muito assustada.
“mentirosa! Vejam como ela mente, peguem-na... vamos queimá-la!”
O cerco ia se fechando. Os aldeões cercavam-na, ela aturdida olhava para todos os lados. Parecia não saber realmente o que fazer. Os camponeses sabendo que o lago não era profundo começaram a entrar n’água, quando tudo parecia perdido para a “bruxa”, esta se jogou do barco nas águas escuras do lago que no mesmo instante começou a congelar a partir do ponto onde ela mergulhou.

Soneto da Morte


Soneto da Morte
de Álvares de Azevedo

Já da morte o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!

Do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!… já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece…
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!