segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cisma Alvares de Azevedo

"Fala-me, anjo de luz! És glorioso
A minha vista na janela à noite,
Como divino alado mensageiro 
Ao ebrioso olhar dos friascos olhos
Do homem que se ajoelha para vê-lo,
Quando resvala em preguiçosas
Nuvens ou navega no seio do ar da noite."
                                                     Romeu.

Ai! Quando de noite sozinha à janela,
Co'a face na mão te vejo ao luar,
Por que, suspirando, tu sonhas donzela?

A noite vai bela,
E a vista desmaia
Ao longe na praia no mar!

Por quem essa lagrima orvalha-te os dedos,

Como água da chuva cheiroso jasmim?
Na cisma que anjinho te conta segredos?

Que pálidos medos ?

Suave morena,
Acaso tem pena de min?

Donzela Sombria, na brisa não sentes
A dor que um suspiro em meus lábios tremeu?
E a noite, que inspira no seio dos entes

Os sonhos ardentes,

Não diz-te que a voz
Que fala-te a sós sou eu ?

Acorda! Não durmas da cisma no véu!

Amamos, vivemos, que amor é sonhar!
Um beijo, donzela! Não ouves? No céu!

A brisa gemeu...

As vagas murmura...
As folhas sussurram: Amar!

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